domingo, 17 de outubro de 2010

Mudanças profundas na política – Uma revolução cultural.

O Brasil vive de fantasias, o interesse dos ‘cidadãos’ pela política é insignificante, e os poucos que se atraem, tem uma concepção definitivamente ilusória da realidade. São raríssimas as opiniões que ainda não se corromperam por essa ideologia. O povo no decorrer da história se tornou apenas uma ingênua massa de manobra das mais variadas facções.

Independentemente de coligações ou siglas partidárias (excluindo alguns escassos partidos nanicos e idealistas, que não tem representatividade eleitoral, ou seja, impotentes), eleições hoje em dia, são mera ficção. Não importa quem seja eleito, mudarão apenas as peças do tabuleiro, os grupos beneficiados com privilégios pela situação (quem os financiou/apoiou ou venha a financiar/apoiar) e os aventureiros, entre os quais no governo serão divididos. Nada será resolvido realmente, se não mudar a regra do jogo, da administração do Estado brasileiro, que se transformou em um balcão de negociatas.

Empresas ou financiadores não investem grandes cifras em candidatos por admiração a democracia. Logicamente esperam que seus interesses sejam feitos caso o beneficiário seja eleito. O objetivo do investidor varia e o que define é a sua área, tanto pode estar interessado no fortalecimento de privatizações, na redução/aumento de impostos, planos de expansão de setores econômicos (corporações profissionais), favorecimento em contratações, facilidades com agências reguladoras, órgãos de controle, favores fiscais e assim por diante. Observe que muitos exemplos citados acima, não deixaram de ser um interesse coletivo (Apesar de limitar-se a alguns grupos de pessoas).

Entre os maiores financiadores das campanhas eleitorais dos grandes partidos estão empresários, empreiteiros e banqueiros. É comum usar o cargo para favorecer doadores. Para confirmar esse fato, basta ver os principais investidores das campanhas presidenciais, com maior representatividade eleitoral, é nítido a presença desses ‘apreciadores da democracia’. Um exemplo são os bancos: Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) foram os que mais arrecadaram com eles (A mesma quantia por sinal, que coincidência!), entretanto Marina Silva (PV) tem um apoio de destaque, o banqueiro português Álvaro Antônio Cardoso de Souza, ex-presidente mundial do Citibank Private Bank (O mesmo banco, que durante os anos 80, foi o maior credor privado da dívida externa brasileira), principal arrecadador da campanha verde à Presidência da República.

Em 2009 foi criada pelo Dep. Federal-SP Ivan Valente (PSOL) a CPI da dívida pública, onde foi comprovado que cerca de 36 % do orçamento da União no ano, foi gasto apenas com o ‘débito’. Sendo que em sua maioria, são apenas juros a favor da dinâmica do mercado internacional, ou seja, cada vez que os juros sobem no mercado internacional, a dívida do país também aumenta (são proporcionais) e quando o Brasil entra em um momento de crise, aumenta os juros para captar dólar, conseqüentemente a dívida de novo cresce. Assim fica claro, o motivo de tanto interesse dos Bancos em campanhas eleitorais, afinal, são eles quem mais saem ganhando com esse ralo de escoamento das nossas riquezas.

Incompreensível, pois de acordo com dados do IBGE de 2008, o Brasil possui 14.109.000 habitantes com 15 anos de idade ou mais que são analfabetos, o que representa quase 10% da população total. A taxa de analfabetismo funcional de pessoas com 15 anos ou mais é de 21,7% da população. Investir de fato na educação nem pensar, mas bilhões encima de bilhões em juros com histórico de contradições e injustiças, para banqueiros ficarem mais ricos, a fim de financiar suas campanhas, com certeza.

O mais contraditório foi saber que através da Comissão Parlamentar de Inquérito dessa dívida, que se conseguiu ter acesso aos contratos, no qual o governo federal negociava com os bancos. Desde 1990 (gestão do Fernando Collor), ninguém tinha acesso a esses contratos, conflitante, pois uma das básicas funções de um Dep. Federal, é fiscalizar os gastos do orçamento do governo federal. Após 19 anos de muitos gastos inúteis serem feitos (Cerca de R$ 2 trilhões para ser exato), foi confirmado esse rombo, que de acordo com a lei é legal.

Alguns políticos fazem auto-doações que chegam a porcentagens bem elevadas dos bens que declaram possuir. Outra indagação é como que um candidato gasta recursos tão grandiosos para se eleger, a um cargo que nem de longe gerará (oficialmente) algo parecido com o valor aplicado. Pra quem acredita na existência de Papai Noel, em renas voadoras e abiogênese (geração espontânea) de dinheiro, isso é normal e compreensível.

De acordo com os dados do site, àsclaras.org, as eleições de 2008, movimentaram R$ 1.724.497.478,23 apenas declarados. É um absurdo a quantidade de gastos que se tem nas eleições. Em SC teve um vereador eleito, que teve 4ª maior campanha do Brasil em 2008, perdendo somente para os três principais candidatos à prefeitura de São Paulo. Se dividir o número de votos dele, com a receita declarada, seria R$ 31.076,19 por voto. São valores exagerados que causam indignação ao serem comparados com o miserável padrão de vida da população brasileira.

Hoje em dia os candidatos estão investindo grandes valores em marqueteiros e superproduções de TV, para iludir o povo. A sociedade deixou-se levar pelas miragens e falsas resoluções (maquiagens) do governo ou ficaram desacreditados ao ver as corriqueiras notícias de corrupção, como isso fosse motivo de desânimo e não de espírito de mudança.

Atualmente na dita política é raro que o idealismo mova as peças. Recursos públicos elevados são dirigidos, sem qualquer critério ou controle. Um exemplo é à contratação de assessores, os quais, em quase sua totalidade, não passam de cabos eleitorais sem preparo político, pagos com dinheiro público.

São necessárias, mudanças profundas na política, quebrar paradigmas, costumes enraizados em nossa cultura, criar medidas alternativas e pragmáticas embasadas no interesse público e na transparência. O impedimento é o Estado, o seu projeto de administração é completamente ‘eleitoreira’, esse sistema é mantido pelos despolitizados ou conhecidos também como analfabetos políticos. Fato que causa uma lista renovável e abundante de disfunções do governo na prática, ou seja, o Estado acaba sendo mais parcela do problema do que solução.

5 comentários:

  1. Parabéns pelo texto! É um momento dos brasileiros refleti e saber jogar certo as peças. Ainda acredito em uma política limpa, transparente. Sei, que no momento isso é impossível, mas tenho paciência. Mais uma vez, parabéns pelo texto realista e ao mesmo tempo nos faz refletir nesse quadro tão polêmico que é a POLÍTICA. Abraços. Nelson Júnior

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  2. Olá companheiro Aurélio Augusto Jr, parabéns pelo blog ! A participação de jovens no cenário político está cada vez mais reduzida, é de fundamental importância que busquemos utilizar de recursos tecnológicos para que possamos fomentar discussões de cunho político-social. Sabemos que os partidos políticos perderam a representatividade e como você bem colocou, estão usando o povo como massa de manobra das mais variadas organizações. O que era para se ter como bem comum de modo a beneficiar a todos, está limitado a um reduzido grupo de indivíduos.
    É através de atitudes como está que seguiremos no processo de construção do conhecimento. Parabéns !

    Abraços do seu grande amigo,
    Fhelipe Jolner.

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  3. Meu amigo Aurélio augusto Jr ,O seu blog fico muito bom ,Mostra bem oque ocorre na política hoje em dia .Mais todos nois sabemos que mudanças politicas são inevitáveis ,.Para acontecer o equilíbrio natural das forças políticas com os interesses coletivos da sociedade, são necessários movimentos que valorizem a união de valores, todos nós moramos no mesmo planeta, que os defensores, educadores e representantes políticos do bem sempre apóiem interesses que respeitem a vida, o progresso e o desenvolvimento da educação para diminuir as diferenças sociais no destino da paz!

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  4. Obrigado pela força Nelson Jr, Fhelipe (Jhow Jhow) e Marcelo. Em especial aos dois primeiros que postaram opiniões verdadeiras e originais das quais os mesmos escreveram. Início de blog precisamos sempre de comentários, repercurssão, divulgação, opiniões diferentes até para reciclarmos e ir melhorando os nossos conceitos.

    Entretanto de opiniões divergentes com base e feitas pelas própias pessoas, sobre o seu real ponto de vista e não copiadas de outros sem nem saber o que está falando direito (até porque o comentário acima em simples 10 linhas,mostrou muita incoerência).

    http://www.webartigos.com/articles/24403/1/MUDANCAS-POLITICAS--O-PARADOXO-GLOBAL/pagina1.html

    Como podem observar no link acima o comentário do Marcelo foi retirado diretamente da conclusão (último parágrafo) de Welinton dos Santos (um economista e psicopedagogo) tenho certeza que nós (eu e Welinton), temos muitas opiniões convergentes em relação a vários conceitos políticos. O que discordo do comentário do Marcelo é apenas a frase ''mudanças politicas são inevitáveis".

    O meu texto inteiro provou que não teve mudanças reais na política nos últimos anos, o que teve foram mudanças de grupos beneficiados,de pessoas no governo, entretanto o Sistema, a regra do 'jogo' o que eu defendo ser mudado, continua a mesma, com irrelevantes alterações. Não sei se vc reparou mas o governo apresenta/apresentou as mesmas falhas no decorrer do tempo, são essas falhas que devem ser combatidas e mudadas realmentes, não no sentido de pessoas (isso é claro que é inevitável e aí está o maior fluxo de troca no Estado --') mas alterações reais, caro Marcelo.

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  5. Acho que meu equivoquei no termo 'mudanças' políticas até por ser um termo complexo. Mas a base do comentário na minha leitura é mantida. Erros administrativos se mostram constantes e a classe beneficiada também.

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