Do Latim extra-ordinariu, o que não é ordinário, que sucede raramente, excepcional, anormal, singular, maravilhoso, memorável, notável, acontecimento imprevisto ou inesperado, fora do habitual ou do orçado, aquilo que habitualmente não se faz. Esses são alguns dos adjetivos que definem o extraordinário "Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro".
O filme de acordo com os dados da Rentrak EDI divulgados na quarta-feira (27/10), já alcançou a marca de 6,2 milhões de espectadores. O longa está em cartaz desde o dia 8/10 e o sucesso é tão grande, que está 'batendo' vários recordes de bilheteria (Filme mais visto na semana de estréia, filme mais visto desde a retomada do cinema nacional... e assim vai). É sempre bom ver um filme de qualidade, com recepção do público recíproca.
O José Padilha está revolucionando o cinema brasileiro em muitos aspectos, ele e sua equipe distribuíram o filme de forma independente. Óbvio que o orçamento veio do incentivo privado (para você tê-lo, o filme tem que ser 'grande' para possibilitar o retorno das cifras para o investidor). Até mesmo porque sem a distribuidora, só pode captar com a lei, o limite de R$ 4 milhões e o filme custou em torno de R$ 14-16 milhões (3 ou 4 vezes maior do que o captado por lei). Porém, da mesma forma eles viabilizam um novo caminho, uma alternativa para a rota de grandes filmes no país.
O próprio Padilha disse em recente entrevista ao Omelete.com os seus motivos: -'Primeiro porque não tem taxa de distribuição. Segundo porque não tem os prazos de pagamentos das distribuidoras. E terceiro, não tem a crosscolaterização, que é o seguinte: faz de conta que um filme faz dinheiro no Brasil, mas é lançado na Argentina, no Peru e perde - o Brasil paga as perdas dos outros mercados. Sem essas coisas, o filme fica mais rentável. Então eu acho que, de fato, com Tropa de Elite 2, inaugura-se uma via alternativa para o cinema brasileiro, que pode tornar o cinema brasileiro mais rentável, um sistema em que a distribuidora não cobra taxa de distribuição, não retém o dinheiro por um prazo de seis meses, que é o prazo de pagamento, e que a distribuição é remunerada por uma prestação de serviço. Essa é a ideia. E em que artistas, Wagner incluído, investem seu salário no filme. Se o filme der dinheiro, a gente ganha. Se não fizer, não ganha.'
Quem vive a margem do cinema mainstream (Isso também pode servir para a música, literatura, mídia...), sabe o quanto é difícil executar/divulgar o seu trabalho. Um exemplo das aberturas deixadas pela distribuição autônoma, é que apesar do Tropa de elite 2, ter sido assistido por cerca de 6 milhões de pessoas em aproximadamente 700 salas no Brasil, o mesmo só chegou ao Piauí (a Capital Teresina) com 21 dias de atraso, somente nessa sexta-feira, dia 29/10.
Os filmes, assim como todos os produtos, são classificados por categorias, tem o drama, a comédia, o terror, o suspense, a ação, o romântico entre outros. O Tropa de Elite 1 e 2, foram tão amplos que não caem em uma categoria normal, principalmente o segundo, são tão ricos em conteúdo (Características fortes de ação, comédia, drama, suspense...), que classificá-lo em uma vertente, seria um insulto aos admiradores do cinema e sem dúvida alguma iriam limitá-los.
São poucas as obras cinematográficas que chegam a esse patamar. O resultado é fruto dentre outros motivos, do timaço (a base é do 1º filme) composto para realizar esse trabalho. Um ótimo roteiro, excelente produção, excepcional edição, brilhante direção somado aos talentos de atores que viveram/interpretaram com tanta intensidade personagens como Beirada (Seu Jorge), Diogo Fraga (Irandhir Santos), Major Rocha (Sandro Rocha), Fortunato (André Mattos), Coronel Fábio Barbosa (Milhem Cortaz), Clara (Tainá Müller) e outros, sem esquecer é claro de André Matias (André Ramiro), Coronel Nascimento (Wagner Moura). O filme parecia muito real, ao assistir a atuação de Seu Jorge como Beirada, tive a sensação de estar assistindo um documéntario com imagens reais de uma rebelião (mesma coisa com Diogo Fraga - Irandhir Santos). Com certeza esse é o melhor filme nacional da temporada, será muito difícil algum outro superá-lo.
Como pessoalmente gosto de dar palpites antecipados, e até seguindo uma grande tendência de palpiteiros, arrisco que Tropa de elite 2, será o indicado do Brasil ao Oscar ano que vem (Apenas um chute justo e lógico).
A história em si, é a continuação do Tropa de Elite 1, O Nascimento é quem narra a história (assim como no primeiro), mas a diferença está no 'arco dramático', que desta vez é nele, é ele quem se transforma (começa de um modo e acaba de outro). Antes de rodar o filme, tem uma frase bem exposta na telona - Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência - ou algo parecido, obviamente no decorrer do filme o enunciado irônico se dissolve. Muitos espectadores saíram da sala do cinema comentando: - "Esse filme foi um soco no estômago" frase que devo concordar, por o filme ser tão realista e abordar temas polêmicos de forma corajosa. Um número razoável de críticos, ultilizaram esse termo.
Necessariamente o longa expõe falhas da administração pública, especificamente as consequências ligadas as opções de política de segurança pública no estado do Rio de Janeiro (a realidade do policial honesto no RJ é muito dura, má remuneração, vários riscos, ambiente coercitivo a corrupção, milícias, segundo emprego ilegal...agora que está mudando).
Esses erros admistrativos (ou eleitoreiros como quiser interpretar), possibilitaram um domínio irregular em favelas da região, pelas agora conhecidas Milícias. Há várias polêmicas enquanto a sua definição, por causa da dificuldade de explicar essa realidade nova, que é extramemente dinâmica. Normal que haja contravérsias, além do mais a palavra milícia, tinha outro significado antigamente, mas suas principais características de acordo com o sociólogo Ignácio Cano (Conceito adaptado) são: 1 - Comando/controle de um território (favelas, comunidades carentes), de seus habitantes através de um grupo ilegal e armado; 2 - A característica de coação (Uso da força, constragimento, ameaça) com o objetivo de manter o controle, logo os moradores tem medo do que possa lhes acontecer e não se 'rebelam'; 3 - A motivação é a lucratividade, o verdadeiro combustível deles é gerar renda, através de diversas atividades econômicas como transporte alternativo, venda de gás, de água, sinal de TV a cabo pirata entre outras fontes, é irracional pensar que esses grupos querem apenas restaurar a paz e a ordem nas comunidades; 4 - Um 'legítimo' discurso priorizando a proteção dos moradores e à instauração de uma ordem (Expulsar traficantes - Falso), na realidade trata-se de oferecer proteção paga contra eles mesmos; 5 - Participação ativa e reconhecida de agentes do Estado, essa participação precisa ser divulgada localmente, para que todos saibam que os milicianos são formados por policiais, bombeiros, agente penitenciário e outros, eles fazem questão disso. Essa publicidade do seu papel público cumpre importantes funções, assim atrai vantagens aos seus esquemas e conseqüentemente a manutenção deles.
De acordo com a CPI das milícias, presidida pelo Deputado estadual reeleito Marcelo Freixo- RJ (PSOL), o lucro mensal da maior polícia mineira, conhecida como Liga da Justiça, de Campo Grande, é de cerca de R$ 2 milhões.
Quando você combate milícias, você está combatendo deputados, vereadores de base governista (que possui articulações com o executivo, imunidade...), não é uma coisa fácil, contudo se compararmos por exemplo o governo passado do Anthony Garotinho onde apenas cinco milicianos foram presos e o atual no qual 480 estão preso, você repara uma maior preocupação em relação a essa modalidade criminosa.
A polícia mineira oferece ameaças concretas à sociedade, isso é evidente. No México, por exemplo, grupos milicianos evoluíram para o que lá já é chamado de -narcomilícia-, ou seja, a milícia atuando no narcotráfico. Relatos de cariocas/moradores de comunidades controladas por esses grupos, já denunciaram que algumas milícias já têm envolvimento com o tráfico, que é caso da favela Vila Joaniza, na Ilha do Governador, na zona norte. Denúncia que contraria a filosofia inicial deles (Ver a característica n° 4, do conceito de milícias - sociólogo Ignácio Cano acima).
O Tropa de Elite é cultura de massa, ele foi assistido por milhões de pessoas. Enquanto no primeiro filme, o povo admirou o Bope e seu líder capitão Nascimento, mesmo assistindo as cruéis cenas de tortura produzidas por ele e seu batalhão. Massificando deste modo, o apoio rígido na guerra contra o tráfico (Frustrando a verdadeira intenção da equipe no Longa). Deve-se entender que quando os 'caveiras' matam um traficante na favela, nasce três com maior disposição (É um círculo vicioso). O segundo filme deixou claro o que a equipe queria discutir, logicamente eles não concordaram com a primeira interpretação da maioria dos espectadores, e de forma genial produziram essa resposta, apontando no segundo a sua verdadeira opinião e intenção. 'Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro' é como esse blog, tem a intenção de acender o senso crítico nas pessoas, tenho certeza que quem assistiu o filme, saiu com um pensamento diferente, um olhar mais amplo e questionador da realidade.
O filme de acordo com os dados da Rentrak EDI divulgados na quarta-feira (27/10), já alcançou a marca de 6,2 milhões de espectadores. O longa está em cartaz desde o dia 8/10 e o sucesso é tão grande, que está 'batendo' vários recordes de bilheteria (Filme mais visto na semana de estréia, filme mais visto desde a retomada do cinema nacional... e assim vai). É sempre bom ver um filme de qualidade, com recepção do público recíproca.
O José Padilha está revolucionando o cinema brasileiro em muitos aspectos, ele e sua equipe distribuíram o filme de forma independente. Óbvio que o orçamento veio do incentivo privado (para você tê-lo, o filme tem que ser 'grande' para possibilitar o retorno das cifras para o investidor). Até mesmo porque sem a distribuidora, só pode captar com a lei, o limite de R$ 4 milhões e o filme custou em torno de R$ 14-16 milhões (3 ou 4 vezes maior do que o captado por lei). Porém, da mesma forma eles viabilizam um novo caminho, uma alternativa para a rota de grandes filmes no país.
O próprio Padilha disse em recente entrevista ao Omelete.com os seus motivos: -'Primeiro porque não tem taxa de distribuição. Segundo porque não tem os prazos de pagamentos das distribuidoras. E terceiro, não tem a crosscolaterização, que é o seguinte: faz de conta que um filme faz dinheiro no Brasil, mas é lançado na Argentina, no Peru e perde - o Brasil paga as perdas dos outros mercados. Sem essas coisas, o filme fica mais rentável. Então eu acho que, de fato, com Tropa de Elite 2, inaugura-se uma via alternativa para o cinema brasileiro, que pode tornar o cinema brasileiro mais rentável, um sistema em que a distribuidora não cobra taxa de distribuição, não retém o dinheiro por um prazo de seis meses, que é o prazo de pagamento, e que a distribuição é remunerada por uma prestação de serviço. Essa é a ideia. E em que artistas, Wagner incluído, investem seu salário no filme. Se o filme der dinheiro, a gente ganha. Se não fizer, não ganha.'
Quem vive a margem do cinema mainstream (Isso também pode servir para a música, literatura, mídia...), sabe o quanto é difícil executar/divulgar o seu trabalho. Um exemplo das aberturas deixadas pela distribuição autônoma, é que apesar do Tropa de elite 2, ter sido assistido por cerca de 6 milhões de pessoas em aproximadamente 700 salas no Brasil, o mesmo só chegou ao Piauí (a Capital Teresina) com 21 dias de atraso, somente nessa sexta-feira, dia 29/10.
Os filmes, assim como todos os produtos, são classificados por categorias, tem o drama, a comédia, o terror, o suspense, a ação, o romântico entre outros. O Tropa de Elite 1 e 2, foram tão amplos que não caem em uma categoria normal, principalmente o segundo, são tão ricos em conteúdo (Características fortes de ação, comédia, drama, suspense...), que classificá-lo em uma vertente, seria um insulto aos admiradores do cinema e sem dúvida alguma iriam limitá-los.
São poucas as obras cinematográficas que chegam a esse patamar. O resultado é fruto dentre outros motivos, do timaço (a base é do 1º filme) composto para realizar esse trabalho. Um ótimo roteiro, excelente produção, excepcional edição, brilhante direção somado aos talentos de atores que viveram/interpretaram com tanta intensidade personagens como Beirada (Seu Jorge), Diogo Fraga (Irandhir Santos), Major Rocha (Sandro Rocha), Fortunato (André Mattos), Coronel Fábio Barbosa (Milhem Cortaz), Clara (Tainá Müller) e outros, sem esquecer é claro de André Matias (André Ramiro), Coronel Nascimento (Wagner Moura). O filme parecia muito real, ao assistir a atuação de Seu Jorge como Beirada, tive a sensação de estar assistindo um documéntario com imagens reais de uma rebelião (mesma coisa com Diogo Fraga - Irandhir Santos). Com certeza esse é o melhor filme nacional da temporada, será muito difícil algum outro superá-lo.
Como pessoalmente gosto de dar palpites antecipados, e até seguindo uma grande tendência de palpiteiros, arrisco que Tropa de elite 2, será o indicado do Brasil ao Oscar ano que vem (Apenas um chute justo e lógico).
A história em si, é a continuação do Tropa de Elite 1, O Nascimento é quem narra a história (assim como no primeiro), mas a diferença está no 'arco dramático', que desta vez é nele, é ele quem se transforma (começa de um modo e acaba de outro). Antes de rodar o filme, tem uma frase bem exposta na telona - Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência - ou algo parecido, obviamente no decorrer do filme o enunciado irônico se dissolve. Muitos espectadores saíram da sala do cinema comentando: - "Esse filme foi um soco no estômago" frase que devo concordar, por o filme ser tão realista e abordar temas polêmicos de forma corajosa. Um número razoável de críticos, ultilizaram esse termo.
Necessariamente o longa expõe falhas da administração pública, especificamente as consequências ligadas as opções de política de segurança pública no estado do Rio de Janeiro (a realidade do policial honesto no RJ é muito dura, má remuneração, vários riscos, ambiente coercitivo a corrupção, milícias, segundo emprego ilegal...agora que está mudando).
Esses erros admistrativos (ou eleitoreiros como quiser interpretar), possibilitaram um domínio irregular em favelas da região, pelas agora conhecidas Milícias. Há várias polêmicas enquanto a sua definição, por causa da dificuldade de explicar essa realidade nova, que é extramemente dinâmica. Normal que haja contravérsias, além do mais a palavra milícia, tinha outro significado antigamente, mas suas principais características de acordo com o sociólogo Ignácio Cano (Conceito adaptado) são: 1 - Comando/controle de um território (favelas, comunidades carentes), de seus habitantes através de um grupo ilegal e armado; 2 - A característica de coação (Uso da força, constragimento, ameaça) com o objetivo de manter o controle, logo os moradores tem medo do que possa lhes acontecer e não se 'rebelam'; 3 - A motivação é a lucratividade, o verdadeiro combustível deles é gerar renda, através de diversas atividades econômicas como transporte alternativo, venda de gás, de água, sinal de TV a cabo pirata entre outras fontes, é irracional pensar que esses grupos querem apenas restaurar a paz e a ordem nas comunidades; 4 - Um 'legítimo' discurso priorizando a proteção dos moradores e à instauração de uma ordem (Expulsar traficantes - Falso), na realidade trata-se de oferecer proteção paga contra eles mesmos; 5 - Participação ativa e reconhecida de agentes do Estado, essa participação precisa ser divulgada localmente, para que todos saibam que os milicianos são formados por policiais, bombeiros, agente penitenciário e outros, eles fazem questão disso. Essa publicidade do seu papel público cumpre importantes funções, assim atrai vantagens aos seus esquemas e conseqüentemente a manutenção deles.
De acordo com a CPI das milícias, presidida pelo Deputado estadual reeleito Marcelo Freixo- RJ (PSOL), o lucro mensal da maior polícia mineira, conhecida como Liga da Justiça, de Campo Grande, é de cerca de R$ 2 milhões.
Quando você combate milícias, você está combatendo deputados, vereadores de base governista (que possui articulações com o executivo, imunidade...), não é uma coisa fácil, contudo se compararmos por exemplo o governo passado do Anthony Garotinho onde apenas cinco milicianos foram presos e o atual no qual 480 estão preso, você repara uma maior preocupação em relação a essa modalidade criminosa.
A polícia mineira oferece ameaças concretas à sociedade, isso é evidente. No México, por exemplo, grupos milicianos evoluíram para o que lá já é chamado de -narcomilícia-, ou seja, a milícia atuando no narcotráfico. Relatos de cariocas/moradores de comunidades controladas por esses grupos, já denunciaram que algumas milícias já têm envolvimento com o tráfico, que é caso da favela Vila Joaniza, na Ilha do Governador, na zona norte. Denúncia que contraria a filosofia inicial deles (Ver a característica n° 4, do conceito de milícias - sociólogo Ignácio Cano acima).
O Tropa de Elite é cultura de massa, ele foi assistido por milhões de pessoas. Enquanto no primeiro filme, o povo admirou o Bope e seu líder capitão Nascimento, mesmo assistindo as cruéis cenas de tortura produzidas por ele e seu batalhão. Massificando deste modo, o apoio rígido na guerra contra o tráfico (Frustrando a verdadeira intenção da equipe no Longa). Deve-se entender que quando os 'caveiras' matam um traficante na favela, nasce três com maior disposição (É um círculo vicioso). O segundo filme deixou claro o que a equipe queria discutir, logicamente eles não concordaram com a primeira interpretação da maioria dos espectadores, e de forma genial produziram essa resposta, apontando no segundo a sua verdadeira opinião e intenção. 'Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro' é como esse blog, tem a intenção de acender o senso crítico nas pessoas, tenho certeza que quem assistiu o filme, saiu com um pensamento diferente, um olhar mais amplo e questionador da realidade.